Vamo ali no passado rapidinho

 


O tiozinho vendedor de paçoca e geleia de mocotó (deliciosamente única) que passava diariamente na frente da loja do vô. As tardes de paçoca e guaraná com o vô no bar do seu Colli, onde ele ia jogar truco depois de um dia de trabalho. O véinho magrelinho de bigode que vendia pão e leite em sua charrete verde (e que a vó ficava brava quando o vô comprava algo dele, porque ele nunca lavava a mão). Ver pela primeira vez o cavalo dele fazendo xixi (não acabava nunca mais! "Cachoeira de xixi", eu disse). O doce de mamão, o manjar e o arroz doce da vó. Eu com dor de ouvido e a vó pingando remédio comigo no colo, mesmo depois de eu ter sido muito respondona. O dia em que a mãe foi acender a vela de aniversário e pegou fogo na decoração do bolo. O guaraná de garrafinha marrom. A coleção de papel de carta. As férias de dezembro, quando os tios e os primos vinham pra cá e as bagunças que aprontávamos. O dia em que eu e os primos sumimos de bicicleta pela cidade. Voltar da escolinha com o cabelo e a roupa cheios de areia do parquinho. A fachada da antiga Decorações Nayla. Esperar o "ano novo passar" com as cadeiras de área colocadas na frente de casa. Sair com a mãe para o Bola 7 e, enquanto ela e as amigas conversavam, eu criava obras de arte com guardanapos e chicletes. O Paraíso Encantado, a EEPG Cristiano Olsen, o Salesiano, a EM Leonísia de Castro. As aves que não tiveram muita sorte na minha mão. Os gatos que eu trazia da rua. O Pitico, pinscher possuído (redundância?) porém amável que resgatamos. O biscoito de polvilho que a vizinha me "obrigou" a pegar, eu fingi que comi e fui ao banheiro cuspir. A foto em cima do pobre burro pintado de zebra e a decepção depois em saber que aquilo não era zebra, nada. A primeira peça de teatro no teatro. A Peposa, o cavalo da Barbie, a Moranguinho, o Lango-Lango, a Menina Flor. O "Walkman" de fita e os roncos do vô que eu gravava com ele. O primeiro violão e a vergonha de cantar nas aulas. A professora Roseli mostrando meu poema para o Pedro Bandeira. Sentar na frente da caixa de som do toca-discos e cantar junto com Os Abelhudos, a Angélica, o Balão Mágico, a Xuxa. "A História Sem Fim" na Sessão da Tarde. O medo dos Gremlins. Banho de chuva no quintal, com cachoeira do telhado... 

Hoje é dia de caber tudo isso e mais. E é dia também de saudades que fazem doer o coração de um jeito que a gente nem imaginava naqueles tempos... Saudade de quando a gente não entendia muito bem o que era saudade.

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