Sobre dedetizar-se

Era um inseto destemido. Tinha olho de estrela, cheiro de prédio, tensão de pianista e convencia multidões. Pareceu que não tinha um amor. Mas tinha histórias, reais e fictícias, lacrimejantes de riso ou choro, e outras neutras. Pouco se sabia. Pareceu não ter cotidiano interno, mas não era de ferro. Nem dava pra classificar como exótico - era esquisito mesmo. Pareceu ser falante, depois engoliu as palavras, todas, e teve vertigem. Aquilo nas costas não eram asas. Um casaco de chumbo ele tinha ali. Tinha medo de altura e tinha cheiro de prédio. Bem... Era uma incompletude desmedida. Pretendeu sujar-se do amor de uma inseta. Sujou-se. Pareceu profundo, mas ela saiu lim-pa! Aquele olho de estrela era desconcertante, sabe? Ia no fundo. Quem entende? Que palavra engoliu, ninguém soube.

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