Cabimento

Fomos tão respectivos naquele dia, que nem tinha cabimento. Não nos coubemos. Sonhei você imperfeito pra não ter tantas costelas quebradas depois, mas você foi inverso. E aí eu quis que fosse assim por mais tempo. E a primeira costela CRACKT! (reticências) O que eu dei foi afeto, puta merda! E é triste ver afeto circulando pela cidade num caminhão de lixo orgânico.
Ele nem sabe, mas eu não esqueço. Nem o bom, nem o ruim; nem o calor, nem o desdém. Foi sol demais praquela cidade fria. E agora ficou gelado o dia fervente daqui.
Falo palavrão, mas não resolve. Eu queria pegar o telefone agora e dizer umas palavras de amor bem bregas (coisa que nem bêbada eu faria); aquelas coisas meio Wando, Odair José, Reginaldo Rossi e foda-se. Coloco um vestido, descasco uma poncã. Não resolve. Então, começo a sonhar com um pianista sem rosto. Não resolve, porque ele só toca canções que eu não quero ouvir agora.
Meu receio é não caber em lugar nenhum.

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