Outubro

Essa semana lembrei da existência de duas figuras folclóricas da minha pirralhice: Dona Jandira e Seu Colli, que tinham um bar na esquina da rua de casa. Guardei os dois na memória, não só porque eram as figuras que eram (já de idade, bem gordos, com óculos fundo de garrafa; ele de bigode preto, ela de cabelo cinza). Guardei porque me lembram uma época. Estão na minha memória tanto quanto o duo paçoca e guaraná. Junto com este sopro de memória, quem diria, me veio um nó na garganta. Era um tempo em que eu acreditava em quase tudo. Eu acreditava que Deus morava mesmo no céu, quando veio a catequista e disse que não. Eu acreditava que ter um pai não fazia muito sentido, porque ter um avô era o máximo!
Naquele tempo, a felicidade estava no bolinho de chuva e no café às três da tarde. A diferença (a grande diferença) é que hoje sou eu quem os faz.
Eu queria mesmo enxergar outubro como uma criança dos anos 1950, 1960, enxergava a chegada do circo à cidade. Mas não é bem assim.

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