sobre vestidos

este tecido que me vestirá numa noite de sábado ou de quarta-feira eu chamo de vestido de encontrar amor. na manhã de hoje eu fui em busca deste vestido; procurei pelo que mais tivesse potencial de maciez, caimento e, essencialmente, memória. que me deixasse, claro, mais bonita e que também tivesse a capacidade de guardar texturas, sensações e histórias. procurei um pedaço de pano terno e que me remetesse, com ou sem figuras, ao moço que vou encontrar. apelidei-o: vestido de encontrar fulano. agora espero, sentada no lugar mais bonito da cidade, fulano chegar. fulano com sua camisa azul-que-eu-gosto (estranho, pois não me lembro se é mesmo azul, porque naquele dia eu estava concentrada em olhar teu rosto; mas o sentimento que ficou foi o de olhar um azul infinito). quando o vestido e a camisa se encontram, as memórias finalmente se pertencem. tato e olfato. mas o vestido de encontrar amor namora, por enquanto, um cabide. diz que está adquirindo experiência, enquanto aguarda a ocasião propícia para aguentar a quentura do ferro de passar.

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