quando só os corpos não bastam

Que parte de nós vai resistir ao tempo? O corpo, não. O corpo tem memórias muito efêmeras, apesar de tudo. Ele é eficiente até certo ponto. De que a matéria importa, não tenho dúvidas; tanto que quero estar perto com frequência e reciprocidade, além dos limites. Porque eu quero, além do que há, ser também um pedaço do seu dia em que você: come e lembra que também tenho fome; dança e pensa que eu podia estar dançando ao seu lado; vê um filme e pensa que meu jeito se parece com o da moça de tal cena; ouve uma canção e pensa que ela é a melhor trilha pra nossa história. Você não faz ideia, mas eu já desejei de olhos fechados que não fôssemos apenas corpo e impermanência. Porque meu corpo não é só um corpo de vontades, pelos eriçados e fluidos. E estar não é apenas presença (nem esta espaçada, nem a frequente que não existe). Acreditar no que não existe vai me mantendo atenta ao que a gente tem. Mas não basta e vai minguando. 

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