E ela ali...

Perto dela, ele ficava tão sem reação, que chegava a antecipar no papel possíveis assuntos sobre os quais poderiam conversar, caso o acaso resolvesse parir algum encontro. Ele passava horas ouvindo Cartola, Baden, Itamar, Tons, Ella, tentando extrair alguma inspiração poética que a fizesse absorvê-lo por telepatia ou osmose (dependendo do caso do acaso). Ele tinha um coração imenso, livre, e ao mesmo tempo ocupado de paixões (não só por pessoas), e por isso era naturalmente aflito.

E ela ali: um mistério. Ela parecia ter saudade de vazio. Mas essa impressão passava, quando percebia-se que não era assim tão cheia.

Sempre falta algo: uma cantada criativa pulando da boca no momento certo, um momento certo, um encontro, um ouvido, um assunto, uma coragem, um pretexto, um convite para olhar o céu, uma continuidade.

E ela ali: um mistério.

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