Sobre memórias

De que é feito isso que eu trago comigo? Das memórias de que se trajam aparentes miudezas: fita de cetim, desenho da irmã, livrinho de cordel, anel de princesa, primeiro caderno de violão, poema sobre borboletas de asas listradas, papelzinho de chocolate que acompanhou um café, foto 3X4, nariz de palhaço, recado do avô, carta de amor nunca enviada, cartão de Natal. O coração nessas horas é uma caixinha de sapato, com decalque de anjo azul e estrelas; quando se abre algo assim, toda uma história transborda, as fragilidades competem por atenção, mas, no fim, um acalanto se assume pai das sensações. E o que eu carrego comigo não se pode tocar, por mais que eu teime em dar os créditos à caixinha de sapato. As memórias, por si, já me encorajam. Seguir adiante é lei. 

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