a poesia que dorme

os pássaros que me abordam
atordoados, me convocam
para um voo breve

destampam meu recipiente de suspiros
destravam minha janela de reticências
desbravam a minha testa franzida
e cometem todos os despautérios possíveis
que eu permito que cometam

eu passo
eles passam

quando eu alço voo
pego a poesia que dorme
e me sustento nela

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