Coelhinhos fofos


Esses dias liguei a TV de manhã (quase nunca ligo a tv), vi um pedaço do noticiário. Ficou ligada poucos minutos, mas o suficiente pra saber que o inferno do Putin não parou de matar gente na Ucrânia. Porra, a gente não tem sossego. Fazer guerra, minha gente? A pandemia tá pouco, né? Quando a gente pensa que não pode piorar... Taí. Tá foda. Enfim. Embucetei e entristeci. 

Tinha que comprar ração e fui numa dessas franquias conhecidas, que tem planta, bicho e afins. Pensei "vou ali e aproveito pra comprar mais uma suculenta e ver uns coelhinhos fofos pra dar um quentinho no coração". Não tinha coelho (#chatiada), mas tinha passarinho e porquinho da índia. Suspirei de amor - o porquinho era peludo, tinha passarinhos azuis e fiz amizade com a calopsita. E logo em seguida comecei a pensar que o ser humano consegue ser muito desgranhento e infeliz, fica aprisionando os bichos em gaiola pra ganhar dinheiro, que eles não tem espaço pra nada ali - e fiquei com dó dos bichos; lembrei que existe tráfico de animais; que tem bicho em extinção; que o humano acaba com o hábitat natural dos bichos e muitos animais morreram naqueles incêndios recentemente. Credo. Fiquei triste de novo. Esqueci até de comprar a planta - só peguei a ração da filha. 

Aí, passei no mercado. "Vou comprar umas coisinhas pra fazer um bolo". De cenoura o bolo. A cenoura custando R$ 10,00 o kg (eu vi no noticiário de manhã que cenoura tava tipo artigo de luxo, mas achei que no Rondon era impossível - tombei do cavalo). E o resto tudo caro também. Pessoal, eu só tenho dois rins, tá? Os rins não ia rolar, que pelo menos a gente tem de mijar direito. Mas eu tava com cinquentão contados - e tinha sobrar pra colocar pelo menos uns 20,00 de gasolina depois. Pausa pra rir de nervoso, porque 20,00 de gasolina é quase um copinho de medida de remédio. Sem contar que o gás aqui em casa tá no fim. Desisti de fazer bolo e comprei um pronto que tinha lá.

Na volta, passei por uma das avenidas da cidade, tinha um outdoor escrito "Araçatuba é Bols0naro". Eu fiquei muito p*t@, "não sou bolsorrabo poha nenhuma!", e mostrei o dedo do meio pro outdoor. O cara do carro ao lado, uma caminhonete com um adesivo meio gasto de "sim ao voto impresso", achou que era pra ele (acabou que era também), me olhou muito feio e ainda me deu uma fechada na rotatória, o desgraçado. Eu gritei "vtnc". Mas ele não ouviu, tava com o vidro fechado. Ainda bem, porque é capaz de andar armado um bagaço desse e eu não estaria aqui contando isso agora.

Cheguei em casa, dei comida pra catiora, e fui fazer um cafézim pra tomar com o bolo. De "limão" o bolo. Olha... Eu nunca bebi desinfetante, mas o gosto deve ser o mesmo. Fiquei um pouco mais triste, porque gastar dinheiro com comida ruim é a morte. Aí, pensei na cenoura, no limão e lembrei também do "pacote do veneno", a gente cheio de agrotóxico no rabo, bicho morrendo, gente adoecendo. 

A gente não tem mais sossego. Nem pra tomar um café e comer um bolo. 

Ai, carai, tamo tão fudido.

Eu só queria fazer cafuné num coelhinho fofo. 

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